IGREJA PEDE CANONIZAÇÃO DE DOM HELDER CÂMARA

O arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara, falecido em 1999, pode ter o processo de santificação iniciado pelo Vaticano, o pedido para o começo da tramitação foi assinado pelo atual arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, nesta terça-feira (27), e o documento será enviado para a Congregação Para Causa dos Santos, em Roma, na Itália; caso a resposta seja positiva, Dom Helder, conhecido como o Dom da Paz por sua luta em prol dos desfavorecidos, dos presos políticos e dos direitos humanos durante o regime militar, poderá se tornar o quarto santo brasileiro canonizado pela Igreja Católica

- O arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara, falecido em 1999, pode ter o processo de santificação iniciado pelo Vaticano. O pedido para o começo da tramitação foi assinado pelo atual arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, nesta terça-feira (27), e o documento será enviado para a Congregação Para Causa dos Santos, em Roma, na Itália. Caso a resposta seja positiva, Dom Helder, que se tornou famoso ao lutar pela paz durante a ditadura militar, poderá ser o terceiro santo brasileiro canonizado pela Igreja Católica.

Na carta assinada nesta terça, são explicados os motivos que baseiam o pedido de santificação e a biografia de Dom Helder. Se o processo for iniciado, uma comissão histórica deverá ser formada para colher escrituras feitas por Dom Helder, além de documentos sobre o religioso que se encontram com a Comissão da Verdade. O processo completo até a santificação é longo, podendo levar anos até a sua conclusão.

Dom Helder nasceu no Ceará, e se tornou arcebispo de Olinda e Recife poucos dias após a instauração do Regime Militar. O religioso, que sempre foi protetor da parcela mais pobre da população, começou a questionar a condição miserável de agricultores nordestinos e a denunciar episódios de tortura durante a ditadura. O “Dom da Paz”, como também era conhecido, também atuou fortemente em prol de presos políticos e dos direitos humanos.

“Se dou pão aos pobres, me chamam de santo. Mas se mostro por que os pobres não têm pão, me chamam de comunista e subversivo”, costumava dizer o arcebispo. Em 1969, Dom Helder foi acusado de comunismo e começou a sofrer represálias do governo. Em 1970, o religioso foi indicado para o Prêmio Nobel da Paz, mas sofreu uma dura campanha negativa por parte do governo militar.O arcebispo morreu em 1999, devido à uma insuficiência respiratória ligada à uma pneumonia.

Caso sua indicação para o santificado seja aceita, uma comissão será enviada pelo Vaticano para estudar textos escritos pelo religioso, a fim de comprovar suas “virtudes heroicas” e transformá-lo em Venerável Servo ao Senhor. O passo seguinte será a beatificação, ou seja, deve ser comprovado que Dom Helder representava um modelo de comportamento para a sociedade. Só após a beatificação a canonização pode ser feita.

Os demais santos brasileiros reconhecidos oficialmente pela Igreja católica são Madre Paulina, canonizada em 2002 pelo Papa João Paulo II, Frei Galvão, em  2007, no papado de Bento XVI, e o padre José de Anchieta, elevado a condição de santo em abril deste ano pelo Papa Francisco.